Nesta parte do blog o leitor encontrará idéias minhas ainda não publicadas, artigos científicos, poemas e argumentos dos meus próximos contos e romances, além de crônicas ou críticas. É sempre bom lembrar que o blog tem registro dos textos, caso alguém tente se apropriar de alguma idéia minha ou fragmento textual. Nesse caso, é só pedir minha permissão.


T. Tindarsam


quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Minha primeira fábula



Para quem não sabe, a mucura é um tipo de gambá da Amazônia. Quando escrevi esta fábula estava ainda na faculdade. O tema: "...não chore pelo leite derramado" foi proposto pela querida professora Cátia Wanckler, no curso de Literatura Infanto-Juvenil. A história acabou virando um sucesso entre as crianças da escola onde trabalhei com o projeto Biblioteca Ambulante. Espero que os leitores gostem. Apesar de publicar na categoria ENSAIOS, o texto já foi publicado no site Recanto das Letras, e bem aceito. Tenho um projeto futuro que envolverá apenas fábulas. Fábulas de Tindarsam.


A FÁBULA DA GARÇA E DA MUCURA


         Com a fibra da folha do buriti, a garça amarrou o pezinho da mucura, para que ela não fugisse do ninho. Desesperadamente ela voou por florestas, campos, montes e savanas, colhendo respostas em vários cantos. Pediu conselhos às corujas, macacos-barrigudos, araras e onças. Mas só obteve quatro respostas:
No meio de um grande buritizal, no pé mais alto e vistoso que havia, fora construído um ninho repleto de penugens brancas que agora eram douradas pelo sol. Nele a mãe garça vigiava atenciosamente seus ovinhos, sua primeira ninhada, cujos sonhos foram depositados em cada um deles.
         Certa tarde, dona mucura apareceu para uma visita inesperada; tinha a cara afocinhada de fome e uma angustia que lhe vazava dos olhos. De um modo sorrateiro, ela disse:
         — Venho das planícies verdejantes com uma notícia muito importante. Quando a aurora da lua surgir, todas as garças se reunirão para uma festa.
         A mãe garça, mesmo surpresa com a visita, adorou a notícia. Sempre participou de todos os festejos nos garçais. Então, em sua inocência, pediu que dona mucura cuidasse de seus ovinhos até ela voltar. A mucura gargalhou dentro de si maldosamente, e quando a garça se virou e desapareceu, ela deu uma risada zombeteira.
         É claro que não havia nenhuma festa, nem garças reunidas, nem sequer o brilho perolado da lua. Era inverno e as nuvens cinzentas turvavam o céu! Constatando que fora enganada, a mãe garça voltou envergonhada para o buritizeiro.
         Dos três ovinhos marfins que adormeciam no ninho, somente um restara.  Dona mucura se satisfez apenas com dois, mas como foi pega de surpresa, ameaçou comer o terceiro, caso a garça lhe atacasse com o bico.
         Então, como se achava esperta, a mucura lhe propôs uma adivinha que a garça furiosa acabou consentindo:
         — Diga-me logo, seu bicho desprezível — retrucou ela.
         — Existem cinco coisas que não se recuperam. Descubra o que são elas, e eu te deixarei que me mates, e ainda poderás ficar com teu ovinho e te vingar pela vida dos outros dois — falou, segurando com as garras o ovo que sobrara.
         — Há cinco coisas que não voltam mais — falou mãe garça à mucura — A pedra depois de atirada, a palavra depois de proferida, a ocasião depois de perdida e o tempo depois de passado.
         — E a quinta coisa, qual é? Qual é?! — insistiu a mucura, estremecendo — Diga-me, diga-me logo!
         Mas a garça percebendo que fora enganada outra vez, e que a mucura escondia alguma coisa atrás de si, disse:
         — O ovo depois de quebrado...
         A mucura empalideceu. Havia faltado com sua promessa, e antes de levar uma bicada bem no coração, disse à mãe garça: “Tu demoraste muito, não resisti e comi o último ovo que havia. Lembra-te que podes ter outra ninhada. ”
  
         Muitos vêm até nós para enganar, roubar ou destruir nossos planos. Não choremos sobre o leite derramado, pois a vida nos prepara a primeira vez pra que não erremos a segunda.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Crônica da Indignação

     Uma grande indignação vem crescendo por parte de milhares de brasileiros quanto à nossa histórica política. Sou uma pessoa que busca sempre se livrar da alienação que o mundo produz. Escrever é expressar minha tristeza e decepção, além de aprimorar a sabedoria. Busco sempre me formar e me informar como indivíduo e cidadão que procura o caminho da honestidade. A cada dia, eu tento. De verdade, eu tento. Mas o que fazer quando seus próximos estão envolvidos em atividades escusas, tramóias embasadas em politicagem de quinta, e interpretam leis em benefício próprio?
     A primeira coisa que um indivíduo devia fazer era procurar saber seus direitos e deveres. O Brasil seria dotado de cidadãos mais críticos. Porém, tenho notado, cada vez mais, que a corrupção faz parte da natureza do brasileiro. A moralidade ficou de lado. Fico indignado com certos indivíduos que estão no meio político e usam a política em benefício próprio. É o que chamamos de Crime Moral que não tem sentença, ou penalidade, mas ainda sim é corrupção, a mais sutil e venenosa. Essas pessoas deviam ser expostas à sociedade e tiradas delas qualquer direito político. Se forem um dia candidatos, serão maus políticos. Mas eu não me apresso. Sei que uma hora o rosto delas estará encostado na terra. Elas engolirão a areia de nossos pés, os pés dos que buscam a justiça. Não há cidadão no mundo que não passe pela Justiça Divina. Ah, não se livrarão! Os que se vestem de cordeiros e entram em igrejas (e ainda se “convertem”) esses serão apartados da presença divina. Algo pior os espera.
     Mas não se preocupe, você cidadão honesto que trilha o caminho da retidão e que busca a clareza, que não necessita esconder nada, que não precisa viver angustiado com segredos que não podem ser revelados. Uma hora ou outra a podridão dessas pessoas será mostrada. E eu acredito que em algum lugar deste vasto Universo, há um recinto reservado para gente dessa laia. Um lugar de horror e sofrimento, onde o arrependimento será em vão e o grito abafado pela dor terrível. A maldade cairá sobre eles. E não há como escapar dela. Não há.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Sobre Principados e Potestades

     Esse provavelmente será o título do meu próximo livro de contos. Na verdade, embora eu use o termo contos, o livro será uma coletânea de relatos ficcionais e não-ficcionais. Já digo que será dividido em duas partes: histórias reais e histórias insólitas. Em Sobre Principados e Potestades, quero relatar não uma experiência religiosa, e vale ressaltar que a obra não é religiosa, mas experiências relacionadas à religiosidade e ao sobrenatural. Se você acredita em demônios e anjos, provavelmente vai apreciar a obra, principalmente do ponto de vista teológico. Os contos reais serão experiências pessoais vividas por gente que conheço, meus amigos e parentes.

     Quando comecei a esboçar a idéia senti que eu não iria prosseguir, primeiro porque o tema é considerado, por muitos religiosos, perigoso. Mas o meu objetivo não é cavoucar os cantos do Inferno, e sim relatar, como eu disse, experiências sobrenaturais. Experiências de pessoas que sentiram a presença de um demônio, no meio da noite, em seu quarto escuro ou viram as manifestações desses seres invisíveis tão contestados pelos catedráticos e ateus até hoje. Meu objetivo também não é defender a idéia de que os demônios existem, tão pouco construir a imagem de que sejam fantasias projetadas por gente muito religiosa, pois há pessoas que nunca se consideraram religiosas e já passaram por experiências semelhantes.

     Enfim, sempre quis preparar algo que fizesse com que os leitores questionassem a existência do sobrenatural e sua permanência ou não em nossas vidas. A obra foi inspirada em um livro do autor americano Frank Peretti, chamada Este Mundo Tenebroso, e em parte nos escritos de C. S. Lewis. Não sei em quanto tempo a obra será escrita, talvez em menos de um ano, isso se o medo não me dominar antes.